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Gutenberg e a popularização dos livros

A invenção da Prensa de Gutenberg provocou uma revolução em tantos aspectos e segmentos que alterou permanentemente a estrutura da sociedade, sendo considerada uma das invenções mais importantes do segundo milênio.

Johannes Gutenberg nasceu em Mogúncia (atual Mainz), Alemanha, por volta de 1396 e era um jovem curioso e criativo. Trabalhou como ourives — uma espécie de artesão de joias em metais, ouro e prata — do bispo de Mogúncia e há relatos que seu pai trabalhava na casa da moeda eclesiástica. Esses fatores fizeram com que Gutenberg possuísse um grande conhecimento e habilidade técnica no trabalho com metais.

Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg (Mainz, 1396 - Mainz, 3 de fevereiro de 1468)

Quando adulto, passou grande parte de sua vida em Estrasburgo, fronteira entre a França e a Alemanha. E foi lá que conheceu Andreas Dritzehn, um cidadão bem-sucedido com quem fundou uma sociedade com mais 2 sócios em busca de algo que até então era mantido em segredo.

Entretanto esse projeto misterioso estava afundado Dritzehn em dívidas e com sua morte, vítima de peste no Natal de 1438, seus irmãos resolveram entrar em um processo contra Gutenberg.

Documentos judiciais preservados da época falam em “uma arte secreta” e algo como retirar “as peças da prensa (…)para que ninguém saiba do que se trata”. Mistérios a parte, o processo foi encerrado, os irmãos de Dritzehn receberam uma compensação, e Gutenberg, sócio principal, continuou dedicado em gastar seu tempo e dinheiro para desenvolver esse projeto secreto que hoje sabemos se tratar de um sistema de impressão por tipos metálicos que revolucionaria o mundo dando um start na Era Moderna, sendo considerado o invento mais importante do segundo milênio.

A Impressão antes de Gutenberg

Apesar de muitos atribuírem a Gutenberg a criação da imprensa por tipos móveis, a base desse método de impressão já existia a quase 8 décadas antes dele no Japão e China.

Acredita-se que o surgimento se deu no século VIII, quando Bi Shēng, um artesão chinês da dinastia Sung, inventou a técnica de impressão em bloco. Vale ressaltar que o método usado pelos países asiáticos, apesar de possuir o mesmo propósito, era diferente do método popularizado por Gutenberg.

O método de Shēng utilizava uma sequência de blocos talhados em madeira/argila, que eram ideal para alfabetos composto com vários ideogramas mas não para o alfabeto europeu que é composto por caracteres. 

Além disso, o sistema desenvolvido por Gutenberg era mais completo e mais ágil. Utilizava também tipos metálicos que tinham a vantagem em frente ao de Shēng por possuir maior durabilidade e não absorver tanta tinta. 

A Bíblia de Gutenberg

O primeiro livro produzido por Gutenberg para testar seu sistema de impressão em sua máquina de prensa foi um livro de gramática com 28 páginas. Entretanto seu segundo projeto se tornou sua obra de maior sucesso e prestígio: uma versão da bíblia em latim, impressa com uma tipografia gótica delicadamente impressa e ilustrada que ficou conhecida como A Bíblia de Gutenberg.

Com 1.282 páginas, texto apresentado em duas colunas e divida em dois volumes, a Bíblia de Gutenberg encantou a todos com sua riqueza de detalhes e acabamento. Foi considerada o incunábulo — como são chamados os livro impresso nos primeiros tempos da imprensa com tipos móveis, não escrito à mão — mais importante e marcou o início de uma nova era.

A Bíblia de Gutenberg mistura impressão em série e artesanato © Getty Images

Em 1455, quando Enea Silvio Piccolomini, o futuro Papa Pio 2, viu a obra feita por Gutenberg exposta em Frankfurt o classificou como “um homem maravilhoso” e observou que “a letra era tão nítida que poderia ler sem óculos”.

É claro que a criação não foi somente elogiada. Sua grandeza causou verdadeiro incomodo nos escribas e monges que viram suas funções ameaçadas diante as vantagens da nova tecnologia.

Antes de Gutenberg, a produção de livros era extremamente cara, restrita apenas a quem possuía muitos recursos. Cada exemplar levava meses para ser desenvolvido, tendo em vista que eram escritos à mão, por escribas e religiosos.

Não se sabe ao certo quantas cópias foram produzidas. De acordo com a carta deixada por Papa Pio 2 estima-se que seriam aproximadamente 180 cópias, sendo 45 em pergaminho e 135 em papel. Mas uma coisa é certa: Todas as cópias foram vendidas antes mesmo de acabar sua impressão, que começou no ano de 1450 e terminou em 1455.

Segundo a Biblioteca Britânica, atualmente existem 48 cópias da Bíblia de Gutenberg espalhadas pelo mundo, embora nem todas estejam completas – algumas são apenas fragmentos.

Biblia de Gutenberg exposta em Nova York

Essa criação de Gutenberg  provocou uma revolução em tantos aspectos e segmentos que alterou permanentemente a estrutura da sociedade e exerceu papel fundamental no desenvolvimento da Renascença, da Reforma Protestante, na Revolução da Imprensa e Revolução Científica.

Desde que Gutenberg tornou possível a produção em massa de livros, o preço dos livros despencaram e seu acesso se popularizou. O preço de um exemplar que custava em média 6 meses de salário, em menos de um século passou a custar o equivalente a menos de uma semana e no século 17, o equivalente a apenas 6 horas de trabalho.

Essa popularização da produção de livros causou uma explosão de ideias. Foram impressos mais livros no primeiro século após a invenção da imprensa do que haviam sido copiados à mão em toda a história da Europa até Gutenberg.

Com uma maior disponibilidade de materiais impressos ocorreu um aumento drástico na taxa de alfabetização de adultos em toda a Europa. Professores e pensadores começaram a ganhar prestígio e fama, o que resultou numa valorização no salário dos professores em até 8 vezes com a chegada das máquinas de impressão tipográficas.

Os cientistas também encontraram nessa criação uma forma de comunicar em massa suas teses e descobertas através da publicação de revistas acadêmicas que acarretou em uma revolução cientifica. 

Mas, Gutenberg, que já vinha acumulando dívidas desde sua sociedade com Dritzehn, não enriqueceu com seu invento. E logo após sua glória com o projeto da bíblia, encarou um novo processo por conta de outro sócio onde perdeu a propriedade de sua própria máquina de impressão.

Apesar disso, entrou para a história e foi declarado pela British Library  “o homem do milênio”.

Hoje em dia é mais fácil produzir um livro, e devemos isso graças a Gutenberg que popularizou a produção de livros com sua criação e agora a Tucuman que cuida de todas as etapas de desenvolvimento da sua obra, desde a revisão de seu original, passando pelo registro autoral, projeto gráfico e até a tiragem de seus primeiros exemplares.

Conheça nossos projetos recentes e mais sobre a nossa história.

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Camila Vollger
Camila Vollger

Creative Director e Co-Founder na Tucuman Design Editorial, Camila Vollger sempre teve paixão por tecnologia, artes e fotografia. É formada em Comunicação e especialista em Produção Audiovisual pela ESPMRio. Sua área de atuação sempre foi mais voltada para criação publicitária e direção de arte tanto para mídias online quanto offline (gráfica).

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