Projeto O Diário de Francelina • Tucuman Design Editorial

Esse sem dúvidas, foi o primeiro projeto que plantou a sementinha e fez brotar o que hoje seria a Tucuman e tudo começou lá pelo ano de 2018 em uma reunião de família em nossa casa. Nesse chá da tarde em uma das rodas de conversa foi comentado sobre os manuscritos deixados por Francelina, minha bisavó, avó materna de Cláudia, minha mãe, e o desejo que ela tinha em ver suas histórias publicadas como um livro.

Francelina da Silva Nogueira, portuguesa de alma e brasileira de coração, veio para o Rio de Janeiro ainda muito jovem com apenas 5 anos de idade em Agosto de 1908 em busca de uma nova vida ao lado de sua mãe, Maria Emília, e seu pai, Francisco.

Sempre nutriu um grande carinho pela Literatura e transformava pequenas passagens de sua vida em contos e poesias. O sonho de ser uma grande escritora e jornalista ficou em segundo plano pois desde cedo teve que encarar a dura realidade de sua vida, que embora fosse repleta de alegrias, possuía também alguns espinhos.

Casou-se com João, sua maior fonte de inspiração, com quem dividiu a vida por 63 anos. Desse amor nasceu 7 filhos aos quais ela soube transmitir desde cedo todo seu amor à família, ao próximo, o que chamava de assistência social, e pela arte, seja ela qual for em suas mais diversas formas.

Já no fim de sua vida, deixou em um caderno, a mais rica herança que um herdeiro poderia receber. Naquelas folhas simples, eternizou para seus filhos, netos e bisnetos, histórias que marcaram sua vida, assim como contos e memórias de sua origem.

Ao tomar conhecimento de toda história por trás dos manuscritos, e em posse de uma cópia deles, minha mãe decidiu por enfim realizar aquele desejo.

Começou então toda saga de digitalizar e digitar todo conteúdo, organizar e posteriormente revisar. Tudo isso conciliando a correria do dia a dia e suas rotinas de escritório.

Paralelo ao trabalho de escritório, minha mãe trabalhou por 15 anos fazendo freelancer de digitação e copydesk para escritores, em sua maioria idosos aversos a tecnologia. Não poderia imaginar que tal experiência seria crucial neste projeto tão importante.

Em 2020, com o estouro da pandemia e com a adoção de novos hábitos como o distanciamento social e prestação de trabalho home office, conseguimos acelerar e dedicar mais tempo a este projeto.

As madrugadas de maio e junho de 2021 foram marcadas pela fase de diagramação e desenvolvimento do projeto gráfico onde fui responsável devido a minha experiência e domínio na área.

Unindo nossas expertises, começamos a dar uma cara mais real ao que seria o livro. Na definição da tipografia queríamos algo que fosse foi fiel a origem da autora, para isso escolhemos uma fonte de origem Portuguesa, característica presente também no visual da capa que remete aos azulejos tradicionais da região que nasceu.

Além disso desenvolvi gráficos que serviriam para ilustrar todas histórias contadas no livro, bem como uma mini pesquisa histórica para complementar toda experiência.

O livro foi impresso com miolo de 90 g/m² e capa em Papel Cartão com 300g/m² e verniz localizado nos azulejos e título que proporcionou um brilho ao manusear e relevo ao toque. Fizemos uma tiragem limitada de 50 exemplares que foi rateada por todos descendentes de Francelina.

Com isso, 37 anos após sua partida, Francelina enfim pode realizar seu sonho de menina e ter uma obra registrada na Câmara Brasileira do Livro como Autora, além de ter sua história eternizada e compartilhada com todos aqueles que tiveram o prazer de conhecê-la como também suas futuras gerações, que por força do tempo não puderam.